Transcendência

Ah, quem me dera

Transcender desta era

A exemplo do Messias e seus fieis

Assim como aqueles

Que do chão despregam os pés

Partir desta realidade

Onde só se encontra

A vil brutalidade

Esquecer quem sou

E com o coração cheio

Pela primeira vez escolher para onde vou

Pois sou como alguém

Que não tem senhorio

A quem nada se pergunta

De quem não se leva a sério

Nem mesmo um pio

Mas ainda não sei

O porquê de tanta solidão

Pois mesmo cercado de afeto

Nada basta

Para saciar meu coração

Alguns me acusam de

Minha pessoa sempre estar a cuidar

E com os demais

Nada me importar

Mas o que posso eu

Tolo paquiderme encouraçado

A espera da primeira flecha

A ferir -me o lado.

Do mundo pouco conheço

E o que sei já me basta

Para não querer retornar

Preso a esta mesma carcaça

Por isso sigo sonhando

Um mundo sem feiúra

Sem gordura

Sem desprezo

Sem pudor

Um mundo onde

Não me sinta coagido

Um mundo onde possa

Ser o rei da etiqueta

E a todos saudar

Bonjour !

Comment ça va?

É que sempre

Que meus olhos fecham

Vejo o enorme mar

De escuras águas vazias

Vejo que por mais que queira

Nunca preencherei minhas noites frias

De que posso falar

Se não do que mais conheço

De minha pobre, tola

E inconveniente pessoa

Da banalidade que é

Esta vida para mim

Do desejo enorme que sinto

De transcender a um mundo

Onde os sonhos não tenham fim.

Luc Gomes
Enviado por Luc Gomes em 19/04/2014
Código do texto: T4774318
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