Rastro

...E no mesmo rastro por onde perdeu-se,
Achou de novo o caminho,
Arrastou-se de volta, e o atrito fez estrelas de fogo no chão duro.

Seguiu pelas vertentes arranhadas e fundas
Daquela antiga estrada que leva para longe,
Para bem longe de tudo e de todos,
Aquela, bem desenhada,
Que corta ao meio o caminho dos pensamentos,
A mesma que leva, e que traz de volta.

Quando se foi, levou palavras - quando voltou, trouxe-as de volta
-Mas transformadas.

Num fogo de artifício, explodiu e caiu
Bem no meio do nada,
Fagulhas e fogos se apagando,
No silêncio da noite, esfriando,
Ao final da festa
Quando  todos voltavam para casa.

Por isso, ninguém viu,
Mas naquela madrugada,
No meio da escuridão,
Um par de olhos se abriu
E no meio do coração semi-acordado,
Uma outra batida, intercalada...



 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 21/04/2014
Reeditado em 24/10/2016
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