"olhos de cobre sorriso de níquel"


olhos de cobre sorriso de níquel
a insustentável lara obscura

a confusão das paredes ausentes de verbos
e a irremediável abundância – indiscreta – dos pingos de sopa

na camisa

um amanhecer forçado na gare do oriente
por entre as árvores prenhes de hienas e leopardos azuis

e não. tabaco não panfletos não dinheiro não olá não.
dormir o amanhecer insuflável no vão-de-escadas amarelo

ao som desse olhar de cobre
réptil até aos ossos

e a obra que foi outrora a inicial
feita em nada de alenquer e de alcácer quibir

lisboa em cinzas
no lápis do cartoonista de jornal

e a peixeira com o seu sorriso de madeira
– e a trave no olho do poeta –

escrevendo a robalo este derradeiro ponto final.