SOB OS VÉUS E AS MÁSCARAS
Ela se dizia
pura, pura, puríssima;
mas sempre andava acompanhada
de bocas, peitos, pernas, ancas
e paus telúricos.
Ela se dizia
simples, simples, simplíssima;
mas mal conseguia disfarçar o júbilo
de quando era massageada
ao fausto ego.
Ela se dizia
crível, crível, credibilíssima;
mas, em noites sem lua, nunca negava
[às escondidas] os inebriantes
sêmens de pássaros
perdidos.
Péricles Alves de Oliveira