TURBULÊNCIAS
Ouve-me,
mas não me creias:
já fui lavrador de ilusões em terrenos baldios,
já fui compositor de músicas para ouvidos moucos,
já fui malabaris de belos fonemas vazios,
já fui até anjo a beber demônias escondido;
antes, portanto, ires às nuvens,
às esquinas e às encruzilhadas floridas,
por onde pelo menos poderão dizer
que te amam ou que te bem querem,
porque, deste meu anguloso
momento ao deserto (que não passa),
nem isso mais, sem o morrer das faustas luzes
do palco, permitir-me posso.
Péricles Alves de Oliveira