Meia-noite

Eu estive rodando por toda essa cidade e

talvez eu deva começar a escrever de verdade

pois a noite já chegou à sua metade

e sobe de relance o flash de uma luz da tempestade

que cai silenciosamente no vazio

de um escuro tão frio

quanto a própria morte

A lua não ilumina nada esta noite e

outro flash bate meus olhos como um açoite

por um segundo as pessoas são surreais

e o movimento na rua é silencioso demais

como em uma cidade deserta

de localização tão incerta

quanto a própria vida

Amanhã será um novo dia

mas a noite é sempre longa e fria

eu procuro por algo pra aliviar essa dor

mas esperar pelo Sol agora é desesperador

pois o escuro traz um tom duvidoso

de um silêncio tão perigoso

quanto um mórbido câncer

Pela madrugada eu vago sem sono

pelas ruas de uma cidade que esqueceu o seu dono

carregado pelo silêncio de uma multidão

empurrado pelo eco da escuridão

e as pessoas caminham sempre adiante

para uma luz de neon tão distante

quanto o fundo do abismo

Talvez eu deva começar a escrever de verdade

Pois a noite já chegou à sua metade

Vesti minha capa de poeta e procurei um papel em branco

Pedindo e implorando por aí como um mendigo manco

Um grande (nem tanto) amor que deixa um vazio

Uma tempestade num escuro meio frio

No vai e vem sem rumo dessa cidade

Será que minha vida já chegou à metade?

JANascimento
Enviado por JANascimento em 26/11/2014
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