MARCAS DE UMA FÚRIA ESTÚPIDA
... após a terrível chuva
da noite anterior, ela chega em seu local
de trabalho
– como quem
tem algo muito, mas muito sério
e importante a dizer –
e o vê ali
a conversar com uma bela
e atraente mulher
[e ele,
sem se dar conta de sua presença,
sorri para a moça um sorriso
alegre:
por dentro,
ninguém vê o quanto ele sofre
e chora].
Ao reparar
aquela cena, ela dissimula para não
ser reconhecida,
como que
(mesmo tendo
vindo se desculpar e lhe dizer
o quanto o ama)
a querer algo
que mate definitivamente o que antes
florescera àquela agora devastada
terra
[enquanto ele, incauto,
continua a sorrir como quem planta
gerânios a um infértil
deserto],
e, novamente
cheia de obscuros rancores, inexoravelmente
ela decide: vou-me
embora.