Tudo e nada

Nada adormece

e tudo está adormecido.

Um tempo que é passado

redivivo.

As gotas caem pelos telhados.

Canção de ninar os olhos.

Ninguém pode enxergar

os sonhos molhados

nas cabeças de fósforos.

Presságios de nada valem.

Os oráculos emudeceram.

Os anjos sobrevoaram os abismos

os profetas caíram mais cedo.

Restam os poentes vazios

pobres ensaios sobre o sorriso

dos que dormem anos a fio

na ponte entre o inferno e o paraíso.