O FIM DA HORA
... sempre tive
o péssimo hábito de imaginar que
podia levar tudo no peito,
o que pensava
ser um mar, um céu ,
um paraíso onde houvesse uma possível
paz pela qual lutar,
o que pensava
amar e o que pensava odiar, sempre
transcendendo tolamente a dimensão
do real.
E ela ali,
do meu lado, dizendo-me que eu me andava
longe de mim mesmo,
com meus pensamentos
vagos, com meus desejos bastardos,
com minhas visões
embaçadas.
E eu me suicidando
na estrada, cada vez mais longe de mim mesmo,
e ela me amando com toda paciência
e me mostrando
que, um dia,
ao estar me passando do suicídio de meus dias,
eu perceberia, enfim, olhando-lhe
as lágrimas nos olhos
o que é um amor
de verdade.