NÁUFRAGO
... aos 46,
sensação estranha,
antes minh’alma ainda fosse
uma criança;
a lua de outrora
parece triturada ao chão,
a flor de outrora andou em lagos
e céus de contramões:
eu quebrei o vidro,
perdi a rota, transformei-me
em puras chuvas
e em enxurradas
sujas;
por fim,
virei um escárnio,
um silencioso e desconhecido escárnio,
a apenas aguardar a chegada
da definitiva
escuridão.