O SÉTIMO DIA I

A vida, quimera plantada entre coisas de estranhos bosques, e as contingências emanadas de nossas insalubridades.

O incomensurável poder de criar gêneses anômalas, e a imensidade espúria por nós concebida, na qual nos egocentramos para desvirginar transparências.

O tempo fragmentado em fatias para servir nossa pseudo-onisciência, e os espaços dele apartados e ocupados por nossas imaginações ébrias.

As correntes quebradas a inferirem liberdades de nossos grilhões, e as estátuas embalsamadas a disseminarem nossas falsas essências.

Os ventos quânticos de todos os ares, e as águas de todos os mares a dançarem ao ritmo de nossas sinfonias desafinadas.

As volúpias dos enlaces a celebrarem o exótico espetáculo em que atuamos, e as quedas em túmulos frios a abarcarem nossas mortes sem noção.

As autopreservações bucólicas a vociferarem julgamentos a horizontes purpúreos, e nossas verdadeiras faces a se escondem atrás de máscaras.

As fés pragmáticas invocadas para alívios de nossas fobias e angústias, e as esperanças mortas de algum redentorismo possível.

As bocas que cantam glórias altruísticas, e nossos gemidos incontidos em segredados quartos obscenos.

Os puros amores prometidos em eternidades insólitas, e nossos despertares em desejos ardentes e libertinos a contaminarem a utopia.

O bem e o mal intrínsecos a nossos cernes, e nossas covardias exteriorizadas em suas projeções bifurcadas a deuses e a demônios que criamos.

Os audazes arautos a sorverem, impávidos, as brisas matutinas, e os vultos pálidos a esconjurarmos e a temermos a noite que as sucede.

Os anseios por portos seguros a nos abrigarem, e nossas jornadas por caminho perdidos.

As constelações inflamadas e translucinadas de meu pensamento, e meu maior desejo: o apagamento.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 27/08/2016
Reeditado em 27/08/2016
Código do texto: T5742033
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