Torto olhar

Sem querer tirar os trilhos do trem

Vivo inventando pontes e cabides.

Construo uma estrada insegura

Para que a emoção fique presa lá.

Cada minuto é uma descoberta.

Eu estou aqui e logo estou ali

Aqui também é meu lugar.

Caibo no bolso de teu pensamento

E me encaixo no abraço que sobra

Embaixo do meu gelo está um rio

Um cantar abafado pelo beijo não dado

Um olhar que nem disfarça o desejo

Que tua retina teima em não mostrar

Eu quero o mais indecente segredo

Que de tão simples pensas que se foi

Nada se perdeu meu querido

Nem tua inocência e nem a minha.

Ainda estamos engatinhando

Em busca dos sentidos que achamos

Perdidos na estrada da busca infinita

Do prazer de alguns segundos

Nas tardes que nem são nossas

Nos instantes que roubamos de alguém.

Fique com as lembranças então

E eu vou guardar as pedras que ganhei

Sem que ninguém me perceba

Saio e deixo a porta encostada

E da janela olhas o que sobrou

De alguém que nunca existiu

Da sombra que não desbotou

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 16/11/2016
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