VENTANIA

Ventou diferente
na planície onde te puseste
a sonhar.

Sob um sol
de sílabas incautas,
ergui, de verso
em verso,

um reluzente
castelo de barro e junco
para abrigar teu olhar perdido
no oposto do
mar.

Alagado
em meus veios,
adoeci minha razão,
ornei-me de seda e âmbar
para engravidar teus sonhos
e te roubar o
coração.

Sem adiar
o fulgor do momento,
movi a inércia de teus gestos
com minha argúcia,

desnudei-te
do vestido gris
com a calidez de minhas
mãos,

contornei-te
as sinuosidades do corpo
com a seiva de minha
boca

e desbravei-te
a foz dádiva com o êxtase
de minha
haste.

Após o gozo
de sílabas e de carnes,
quando mais me sentia
seguro,

adentrei-te
os segredos do labirinto,
e contemplei-te o excelso
da alma.

Foi neste momento,
então, que compreendi:

Na confluência
de nossos líquidos,
no amálgama de nossos lumes,
e na impossibilidade de nossos
sonhos

– por acorrentamentos
entre as coisas do mundo –

havia
perdido minhas asas
no enlace eterno de nossas
almas!
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 05/12/2016
Código do texto: T5844171
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