REFÚGIO DA ALMA - Poesia Nº 40 do meu 5º livro "Resgate"

Construí num mágico sonho, meu castelo lilás,

De telhado negro, ornado por tétricas gárgulas.

Tem aberturas de cores prateadas e douradas

Que de longe brilham nesta fantástica morada;

E nos grandes pilares e pedras do fundamento,

Crescerão os limos, pelos séculos do seu tempo...

Está dentro de um lago sob névoas dançantes,

Qual sobressai augusto em imagens delirantes.

De outro mundo, que abdiquei por sofrimento,

Caminho em direção da grande ponte levadiça;

A entrada, à minha vida, deu o consentimento,

Sou a dona do novo lar que agora, me enfeitiça!

Entrei no imenso saguão e reparo na decoração

Que do mesmo jeito, eu as vi em pensamentos:

Móveis magníficos, frios, de madeiras seculares,

Cortinas roxas e altas, que se arrastam no chão.

Paredes cinza e granitos, num ar de isolamento,

Tapetes de pele num aspecto de sepulcros ares!

Antigos candelabros queimam velas vermelhas...

E pareço ser ali vigiada pelos mofos e centelhas.

Que luz me guia da escada ao quarto reservado?

Um véu na entrada roça em mim; sobre a cama

Um som lírico me arrepia, como que encantado,

É uma alma de outra dimensão que me chama?

Na cabeceira encontro um lindo cálice de cristal

Com líquido brilhante, seu cheiro era doce, forte;

E se eu o bebesse, o que me faria? Bem ou mal?

Tomei a tal poção e arrisquei a vida pela morte!

Não fui para o sono eterno, mas senti muita dor,

Igual a um amor que deixei num peito sofredor!

De repente e ainda letárgica, acordei encantada,

Num salão, por estranha e negra estátua alada...

Me ajoelhei diante ao seu pedestal de santuário,

Era um anjo com a espada, ameaçava-me feroz!

E ali ele leu os meus castigos em tom mortuário.

Eu não falava, só escutava, pois me faltou a voz!

Em minhas memórias tristes, não tão distantes,

Recolhi-me em choro, fechei-me da sina errada;

Mas o anjo transformou-me numa fada amante,

Que antes de aqui, neste castelo, a ser encerrada,

Eu fui uma transgressora, pecadora e prostituta!

Nunca fiz o mal, mas me assassinaram na labuta!

E mesmo que hoje, eu seja uma alma

Que neste vulto, traz a luz que acalma

Por encantamentos, tudo eu lá deixei,

Ao sair do corpo para um sonho irreal;

Eu aguardo me livrar da dor deste mal,

Porque amor e paz, eu jamais encontrei!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 06/06/2017
Código do texto: T6020330
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