Em um pesadelo estroboscópico

Em um pesadelo estroboscópico,

Ouço, no ângelus, Gounod ou é Schubert...

E uma velha senhora cheirando fumo

Num banquinho de madeira.

E o “portador da luz”, numa viela escura, sorrindo...

Nada me acontece na última estação.

O trem parou sem passageiros,

Desci sem bagagens; quase nu,

Salvo pela bermuda!

Chinelas brancas, sujas de terra.

A cidade cheia de anjos expulsos...

A velha me olhando, baforando o cachimbo!

A barriga contorcida de frio.

Paro na cancela da cidade,

O trem não me leva de volta.

Eu me esforço e acordo,

Com a fronte e a nuca suada.

Washington Machado
Enviado por Washington Machado em 30/07/2010
Código do texto: T2409191
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.