Versos partidos e chegados...

A poesia que ignoras, faz de ti morada

Está adormecida em leito de descrença

Esquecida da vida, silenciosa, acabrunhada

Em choro sufocado por tua inclemência.

Ouvi pelos teus sussurros que aqui choram

Murmúrios de uma alma pura enriquecida

Pela bela sonoridade que nela fez guarida

Dos olhos aos lábios gotas que lacrimejam

No solitário andar de teus versos calados

Os pesadelos são gritos que tu ouves

Quando os desejos se aninham loucos

Nos desafios de uma ânsia, aos brados.

Tuas palavras calam como um doce relicário

Aos ouvidos atentos entristecidos e cansados

Loucura santa como prece de um breviário

Declamada e rezada em noites enluaradas.

E, lado a lado a cochilar me ponho,

A jogar fora o teu penar ao léu

E, ao acordar, me descobrindo em véu

De um doce lirismo, mas tristonho.

Criatura que em palavras toca o Criador

Pela pureza e destreza que chega aos céus

Filtro que perpassa até feltro de chapéu

Desperta em poetas a crença pelo Amor

Tropeço, sonolenta, nos versos caídos

E cuido de apanhar sentido mudo

A poesia machucada agoniza e é tudo

Como quem quer juntar cristais partidos...

Levanto então tão comovido e possuído

Indo no embalo sentindo-me protegido

Ungido pela maciês da pele bem aquecida

Amálgama a rica doçura desses fluidos

Invento alguma forma de colar as rimas

Da criação que se trancou no caos

Eu vejo a calmaria do alto das colinas,

A poesia- musa ao mar, e o acenar às naus...

Unguento a salvar-me de quaisquer lamentos

Entregue à sorte das ondas, das águas bravias.

A navegar nos mares distantes e profundos

E aportar suave à embarcação que se desvia...

Do “Cais”... E ancora no porto dos nossos ais.

Duo: Graça Campos e Hildebrando Menezes

Nota: Dueto induzido pelo desafio do poeta Marco Bastos

Navegando Amor e Maria das Graças Araújo Campos
Enviado por Navegando Amor em 04/10/2012
Reeditado em 05/10/2012
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