Ave Divina

Ó Ave da suprema esfinge de Tesouro,

Que na vidência d’alma, emudecida voa...

Ó Ave redentora — Auréola de astros d’ouro —

A Epifania astral d’uma ideal Coroa —

Voa, afinal — Além das noites de penumbra,

De volta à Fonte do feitiço mais divino...

Vai mergulhando nesse encanto que deslumbra,

Entoando a profecia — o teu supremo Hino!

E sobe sem parar ao Ventre virginal,

À Manjedoura d’onde o Coração provêm —

Transcende a mágoa, o sonho, as ilusões do mal...

Em véus de incenso, ascende à Beatitude-além!

Ó sacrossanta Ave — O Símbolo fiel —

Desaparece, enfim, na Florescência Azul!

Encontra a Rota aberta entre a fluidez do Céu —

Reabre os mil portais além de Norte e Sul!

Retorna às amplidões do Verbo reluzente —

À imensurável Flama — as Asas do Futuro...

Encarna n’uma Paz do mais astral poente,

No Santuário d’almas do Cristal mais puro —

... Trespassa as Portas do convento que te guia

À peregrinação do Último Chamado —

Regressa aos Focos dessa altíssima Harmonia

Das Brancas Vozes d’um Silêncio iluminado...

E no esplendor da Aurora, estende a Fé fraterna

Na Sétima Espiral dos teus ocultos Dons...

Leva ao além o alvor d’uma Aleluia eterna

E enfim dê a Voz — aos mais silentes Corações!