Pé ante Pé

Pé ante Pé

(Por Aglaure Martins)

No mundo das palavras sou alma liberta, libélula que o sol sobrevoa. Sou luas em frases o(cultas) no céu que a vida apregoa.

(...)

Aos meus pés

minhas mãos são asas

no vento da palavra

que se espalha feito rio

mesmo quando a boca cala.

Aos meus pés

um oceano de letras

vivas sementes

que no vácuo se espalha

e flutua entre montanhas e valas.

Aos meus pés

olho, cheiro, boca que não fala,

mas a palma beija

e no sorriso disfarça

o que implode mudo cara a cara.

Aos meus pés

teclas, flautas e violinos

cordas, tambores, rodas de samba

assobio agudo de menino

e a língua que o verbo encanta.

Aos meus pés

covas rasas, poços fundos

choros destoantes e finas valsas

num coro comedido e 'caliente'

do profano que o mundo traga.

Aos meus pés

badalos de sinos

sinas fio a fio entrelaçadas

laços que não atam os fios

espelhos que não espelham a alma.

Aos meus pés

torrentes de inquietações

ciclone de rara calmaria

voto que veta a inspiração

mas não burla a autonomia.

.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 02/06/2017
Código do texto: T6016420
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.