GOGONTE

Hoje criei-te, "gogonte"!

A partir de agora estás vivo.

Existes para dar vida a esse reino;

Das criaturas que não se encaixam em nada.

E que vagueiam pelo mundo sem expressão.

Apenas podes ser chamado de "gogonte".

Contenta-te com isso, ao seres diferente de tudo.

Uma espécie sem expressão nem lembranças.

Imaginariamente criado a partir do nada.

Disforme e alheio das coisas puras e belas.

Quase uma sombra, sem corpo nem forma.

Mas alegra-te, "gogonte"! Não desanimes!

Os que não te vêm, são ainda piores do que tu...

Não conseguem ver-te porque estão cegos.

Cegos por uma cegueira que os toma...

Parecem felizes, mas não passam de soldados.

Soldados mandados para a guerra.

Operários sem dó nem consciência.

São ainda mais "gogontes" do que tu,

Por teimarem na obediência sem sonhar...

Apenas escravos das nuvens de fumaça.

Por isso, deixa-te por aí andar, meu "gogonte"!

Arrasta-te pacatamente e conforma-te!

A tua vida nasceu para ser leve e curta.

Estás livre de impropérios e maldições.

Só tens de caminhar, no teu rumo sem direção,

Para viveres adormecido na minha imaginação...

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 17/08/2017
Código do texto: T6086924
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.