Escrever

Começo de mansinho. Os pensamentos vão se ordenando, pelas letras que refletem o que percebo de minha alma. Escrever... Até bem pouco tempo, não havia experimentado tão atraente atividade. Leva-me a caminhar por minha vida, como num passeio cheio de emoção.

Vejo-me ainda criança, os olhos a procurar e desejar um futuro cheio de grandes feitos. E vou adiante, crescendo, chegando então à adolescência. As emoções aflorando, vivendo cada momento de minha vida, numa intensidade profunda, envolvendo todos os meus sentidos. Retorno então ao presente e este doce ir e vir me é permitido pela ação de escrever.

Nunca havia imaginado quantas asas nos dá o escrever. Sinto-me então agradecida por poder arriscar. Colocar meus sentimentos, minhas experiências, minha alma, em textos que se sucedem e que me permitem me conhecer ainda mais. Curioso então descobrir um mundo tão grandioso, tão pouco explorado, escondido dentro de mim. E as palavras vão cumprindo este papel que se revela desbravador. É como abrir uma estrada, em que não se tem a certeza de onde chegar, mas que se possui apenas o conhecimento de um caminho a percorrer e que não se pode nem se desejar retornar.

Escrever... Quando me ponho a fazê-lo, tenho a sensação que meu eu se desprende para poder melhor observar o que está escondido, lá dentro de minha alma. Meu olhar se dispersa e não penso na forma, não penso em mais nada. Deixo meu coração movimentar meus dedos e lentamente minha vida vai se delineando diante de meus olhos.

Escrever... Escrever... Escrever... Posso então entrar em contato comigo, com minha essência, minhas crenças, minhas recordações. Posso enfim voar, ir para bem longe. Permito-me sonhar e... No sonho construir. Contar uma história, a história de minha vida.

Escrever... Não é dúvida, não é angústia. Não é alegria nem tristeza. É apenas chegar... Chegar a um lugar muito distante, muito sonhado. Lugar desconhecido, lugar escondido dentro de mim. E então apenas repousar e ser livre para ser este lugar.