Sorrisos

Sorrisos que dei durante a vida. Sorrisos que encontrei. Sorrisos que modificaram minha vida, enviando-me mensagens que por vezes me pareciam indecifráveis.

Não se pensa no valor de um sorriso. Ilumina o rosto, alimenta a vida. E... Minha alma tende a tristeza. Ponho-me a escrever, e as palavras saem sentidas, doídas, com um quê de nostalgia e solidão. É sempre assim. Registrar a dor que maltrata a alma.

E assim... Os sorrisos vão ficando, nos passos perdidos da alegria. Como se não importassem. Como se não fossem adubo para mais terra árida a se cultivar.

Mas hoje quero sorrir. Não importa a dor. Não importa a solidão. Quero sorrir, sorriso solto de quem tem certeza. Sorriso confiante de vida futura. Sorriso aberto de quem coloca coração a mostra.

Coração meu, coração de todos. Terra impenetrável e desconhecida. Mas coloco meu sorriso como chave maravilhosa. Aquela, capaz de chegar bem pertinho de alguém e lhe dizer do valor do momento. Fração sem retorno. E mais uma vez procuro sorrir.

E vou lembrando dos sorrisos que dei pela vida. Lembro-me ainda, pequena, frágil, sorria para minha mãe. Era bela, sua chegada me fazia sorrir.

Minha irmã, linda, jovem e cheia de vida. Ainda ecoam em meus ouvidos as canções que enchiam de encantamento as tardes quentes e ensolaradas da majestosa casa em Copacabana. E... Sorríamos todos. Irmãos, companheiros de uma mesma jornada, confiantes, e guiados pela imponente figura de meu pai.

Meu pai... Não o via muito sorrir. Era sério, muito sério. Mas... E suas gargalhadas que me enchiam a alma por sabê-lo feliz? Sim, lembro-me bem, quando sorria, seus lindos olhos azuis se iluminavam e traziam energia a meu coração. Meu pai sorrindo... Tudo que podia desejar nas noites calmas e aconchegantes.

E os sorrisos foram delineando meu caminhar. Meus filhos, lindos, muito amados. Como não poderia sorrir? Sorriso de alegria, de felicidade. Sorriso de quem sabe ter recebido tesouros. Recebi também sorrisos, muitos sorrisos, de alegria, de amor, da pureza que vinha dos olhos infantis.

E... Nos meus momentos de tristeza? Que lágrima pode apagar o sorriso de quem sabe ser amada por seu Criador? Não, ele se esgueira, pacientemente aguarda a sua oportunidade. E finalmente, vitorioso, aflora em meus lábios, com gosto de vitória.

Sim, conto meus sorrisos, conto minha vida. Por que não sorrir? Um último sorriso, eterno, franco e duradouro. Aquele que reside na alma. Aquele que é trazido por Deus. Meu coração, então, não nega as dores que insistem em lhe machucar, mas... Numa corajosa tentativa arranca de meu lábios “o sorriso”, único, belo e perfeito, que me traz paz, que me faz confiar, que menospreza a dor, que se unirá definitivamente a presença de Deus.