Solidão a bordo

Um barco navega mero a uma imensidão azul do mar. Deixara em outras águas o mapa para designar seu destino e trás navegando contigo um sentimento de solidão que acompanha em alto-mar sua trajetória rumo a lugar nenhum.

Eu sou este barco e ao mesmo tempo sou o único tripulante sobrevivente que busca agora um porto seguro para ancorar esta solidão que aos poucos me vai naufragando em martírio.

Vejo minha historia refletir nas águas e uma nostalgia renascer no meu semblante morto.

No meu peito lacunoso só existe melancolia e cada pranto derramado é um pedaço de minha alma que dissolve diante meus olhos.

Os ventos impetuosos assopram para todos os lados, e eu fico ali perdido procurando uma luz diante toda escuridão da madrugada.

As ondas abalam e me faz ficar com medo; medo de mim mesmo e desta solidão que me corrói.

Estou vivendo um pesadelo onde não consigo nem sonhar com um mar calmo e nem com uma felicidade do outro lado a espera do meu barco.

Tempestades e trovões invadem meu céu. Todo tormento e angustia no peito não acalma e meu coração se sente como flores mortas num jardim sem vida, sem esperanças.

Aqui o tempo parece caminhar lentamente, e quando chega mais uma manha eu me vejo ali, jogado, abandonado, quase afogado em tantas ilusões.

O sol não brilha... Só queria contemplar aos menos seus raios para aquecer meu corpo frio.

Não vejo nada que desperte meu olhar desatinado e minha boca seca tem sede de palavras.

E neste desamparo uso o resto de forças que restara para não naufragar agora, e para naufragar ao menos mais um pouco; navegar sem destino, sem vida e navegar a lugar algum.

Fabio Ferreira

fabiorusso7@hotmail.com