HISTÓRIA PARA O DIA DOS NAMORADOS

O título do poema era “Alma Gêmea”. Ela estava triste quando o escreveu. Por isso o poema também ficou triste. Falava de uma moça sozinha que vivia falando com as paredes. Os versos eram curtos. Versos que procuravam um amor. Alguém se interessava? Nesse mundo por aí tinha alguém assim? Alguém que também tivesse a alma vazia e quisesse amar? Tinha? Se tivesse...

“Alma Gêmea” podia até ser meio triste, mas era lindo! Ela o molhou com uma gotinha de lágrima. Depois com uma gotinha de seu perfume. Chamou um pombo-correio. Deixou seu recado voar. O pombinho partiu, ela acenou. No bico, as esperanças. Será que alguém ia receber sua mensagem?

Muitos dias! A moça na janela. Olhos perdidos à espera de certo pombinho. E não é que um dia ele veio? Chegou com o sol da manhã. Meio cansado, coitado! Tinha voado a noite inteira! Mas trazia uma mensagem. Coração a mil! Com sofreguidão ela abriu e leu “Alma gêmea”. Alma Gêmea? Isso é plágio! Mas depois entendeu. O poema também era uma procura! Sim, a procura por alguém. Do jeitinho dela, pode? Então fechou os olhos, apertou o papel contra o peito. Chorou, mas de felicidade!

Dois enamorados! De alma igualzinha! Podia haver algo melhor? Quem sofreu foi o pombinho! O pobrezinho era puro cansaço. Todo dia pra lá e pra cá entre terras distantes. Trazendo e levando mensagens todos os dias. Meu Deus estas almas apaixonadas dão muito trabalho! Mas fazer o quê? Esse é o destino dos pombos-correio. Ou não?

O tempo corria. Almas Gêmeas? Apaixonadinhas... Que saudade! Falta, ausência doída! Ai, quem me dera um abraço apertado! Ai, quem me dera um beijo demorado! Puxa, uma tarde, bem juntinhos! As mãos dadas, ouvindo uma canção. O silêncio falando pelo coração. Ai, não! Não dava mais pra ficar longe! Vamos casar? Casar? Isso! Selar nosso desejo de amor! A ideia era boa, muito boa! Pra quando? Ah, no dia dos namorados, a gente é tão romântico, né?

Pela manhã, Cupido chegou. Veio alegre, vestido de cor da paixão. Moleque travesso, trouxe sua flechinha. Como esquecer a flechinha? Não é por ela que os corações ficam caidinhos um pelo outro? Alma-gêmea-noiva vestiu-se de branco. Alma-gêmea-noivo pôs um cravo na lapela. E tinha música? Claro que tinha! E muito bonita, por sinal! Falava de estradas e de sonhos. Por isso, virou tema dos dois. Foi assim que as almas se casaram... A parte mais real disso tudo? O poeta do amor já inventou “Que seja eterno enquanto dure...”