Amor de adolescente: as primeiras farpas
Amo. Em vez de um amor, eu tenho uma aparição que me assombra às madrugadas, que me segue os passos pelas avenidas da cidade. É minha sombra esquerda todo o dia, desde que acordo pela amanhã até à noite quando durmo. E se durmo, ela me aparece em sonhos, e diz coisas para me atrair, iludindo a minha vaidade de querer fazer desse pesadelo um amor encantado. Só me traz ilusões. Mostra-me o mundo do topo de um penhasco, tal como fez Satanás a Cristo há dois mil anos atrás, me faz ver maravilhas, coisas impossíveis de imaginar, depois me solta, como se o tempo se rasgasse sob os meus pés e eu caísse aos pés de uma estatueta de cupido: que não andasse, não falasse e não dissesse eu te amo.