Adão e Eva
Ouça aqui, minha menina.
Tu amarás outros homens
E tu me esquecerás
Porque é assim a vida, tende a nunca ser eterna.
Entretanto, alguma coisa em ti me pertence,
e dentro de mim sempre alguma coisa será tua.
Porque nos amamos no jardim do Éden pela primeira vez
e como todos nossos pais perdemos a inocência,
regerando no ventre o primeiro pecado e que em muitos outros casais há de renascer.
É tênue a linha que alinhava dois corações.
O sorriso se abre como um girassol
e achamos que lá sempre haverá o Paraíso.
Mas é de comer e beber que o amor sobrevive.
Esse fio magro sustenta o malmequer bem-me-quer do cardíaco dia-a-dia.
É areia movediça, um lago cheio de armadilhas.
Os segredos vão nos corações tateando o escuro e ladeando o perigo.
Todavia, se sucesso, se fracasso, os corações se perdem por caminhos desconhecidos.
Vai e saibas que tu foi minha primeira colheita,
e que entre as suas pernas encontrei a vida e, contrariamente, a minha perdição.