A SUA AUSÊNCIA ME FEZ QUERER VOCÊ

Sinto a sua ausência. São dias longe do seu olhar. Longe do seu sorriso, longe dos seus olhos que tanto me enfeitiçam. Sentir a ausência, para mim, é, também, se lembrar da presença de alguém que não está aqui comigo. E hoje, eu sinto a falta do sorriso dos seus lábios, do calor do abraço seu, do cheiro de óleo de amêndoas que sempre me provocou cirros de prazeres, da cumplicidade do meu corpo dentro do seu e do que tudo isso provoca em meu ser quando está comigo. Hoje eu queria poder me fazer feliz com a sua presença. Queria poder dizer-lhe sobre coisas que eu deixei de dizer quando estava aqui comigo; de coisas que somente você entenderia e se sentiria bem ao ouvi-las; de coisas nossas, minhas – e ainda inéditas – que certamente lhe fariam tremer como se fosse uma centelha de esperança; coisas que lhe fariam fechar os olhos e sonhar com os breves – porém duradouros – momentos de amor e prazer que tivemos; coisas que, ao dizê-las, a sua fantasia de mulher plena de desejos sorrisse e deixasse cair uma gota de lágrima do canto esquerdo do olho para simbolizar a saudade que estava sentindo no exato instante entre a palavra, o olhar e o refletir; coisas que, ao dizer-lhe, provocariam uma descarga emocional que lhe faria dizer frases desconexas, indizíveis, aleatórias e prazerosas de se ouvir.

Hoje eu queria poder lhe amar. Sentir que, de fato, é meu verdadeiro amor, a mulher da minha vida, a razão do meu viver. Queria poder, neste dia, lhe amar de verdade e não me preocupar em querer saber se o amanhã seria apenas mais outro dia ou se o hoje será apenas hoje sem nada mais além disso; queria mostrar-lhe que, para se amar de verdade, basta apenas ser sincero, fiel e acreditar que o amor nos deixa mais serenos, leves e humanos; queria poder mostrar-lhe que o amor que deixou aqui, aqui permaneceu, intacto e confiante, cheio de cores e luzes a brilhar em sua áurea. Por isso, hoje eu queria você perto de mim; queria você perto do aconchego do meu abraço, do balanço do meu ninar, das carícias que eu, em tua pele aveludada, sempre fazia, e que, com a continuidade delas, você se transportava para outros universos. Ia, e quando chegava lá, ficava lânguida, sem forças, sugada em suas energias lascivas e interiores, mas que se fazia capaz de regressar ao seu mundo, revigorada, plena e pronta para novo embarque nesta viagem onde, quanto mais deleite, mais a pele se arrepia e nos diz sobre estar de bem com a vida e com a felicidade. E hoje foi o dia para que eu quisesse tudo isso. Talvez por ser o mês de janeiro, o mês de mais um ano que se inicia, mês de promessas renovadas, de sonhos a serem conquistados – e realizados –, de fantasias prorrogadas, é que eu quis estar com você. Quis estar com você para poder brindar este ano que se inicia, para poder pedir, em conjunto, paz, saúde e bons momentos felizes para os nossos; quis segurar a sua mão e, entrelaçadas as minhas, fazer um pacto de amor eterno que somente a mudança de um plano para o outro pudesse nos separar. Talvez não.

Sinto a sua ausência. Queria, neste dia de hoje, beijar-lhe. Não seria um beijo comum, dado apenas para cumprimentar por uma chegada. Não. Seria um beijo dado para autenticar, na alma, o valor de um sentimento. Um beijo que pudesse dizer, no contato labial, o quanto eu lhe amo. Um beijo que, ao ser dado, você estremecesse de paixão e acordasse o querer de uma forma que só um beijo dado com a intensidade desse amor motivasse a isso.

Sinto a sua ausência. A nave que lhe levou ainda não passou, de volta, por essa galáxia. Não sei se vai demorar a voltar. Só sei que hoje eu senti a sua ausência em mim... Talvez, quem sabe, no ano que vem...




Obs. Imagem da internet



Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 21/01/2011
Reeditado em 10/04/2011
Código do texto: T2743651
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