Grão grão
Se a mim vieres cobrar para que eu seja mais quem mesma sou, alegarei meu sim como hábito, mas também o negarei.
Quem melhor me conhece, senão eu ‘grão grão’ quem sou e Deus? Quem melhor a mim diria, senão eu quem a vida vivo e Deus?
Ora orgulho, de mim não venhas cobrar novamente, se achas que serás minha parcela, podes partir. Se dizes conhecer-me na imperfeita estadia pela qual deveria manter-me na imperfeição oculta, de nada sabes. E muito se enganas ao dizer que a imagem extrínseca é a qual se conserva no interior daquele quem me vê, e que a imagem íntima se perde no fora de quem não me vê. Mas confirmo-te que aquele quem se interessa pela imagem, desconhece qualquer essência, como quem conhece a essência não crê só na imagem.
Tu me és ficção da verdade, não se vê coerência concebível pelo axioma. Quem se conhece entende a verdade, e com ela compreende que imagem não cria essência, e quem esta sente, concorda com a necessidade do aperfeiçoamento.
Não me intimidarei ao dizer que sou um grão, se era dois, hoje serei um. Os grãos do orgulho e conhecimento não progridem em conjunto. Se planto o grão do conhecimento, o do orgulho esfarelará diante a vultosa seara, mesmo ante a imperfeição será permitida a germinação da qual se origina os frutos.
Sabes quem eu mesma sou? Sou grão apenas, imperfeita e futura essência, porém afirmo-te com certeza, que primeiramente sou eu grão, mas o grão sem o grão do orgulho.