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AO ENCONTRO DO NADA
Ysolda Cabral



Dia claro, Céu azul... Pelas calçadas as pessoas passam para lá e para cá. Quase ninguém se olha ou cumprimenta. Estão ligados no mundo virtual que trazem nas mãos. A alienação é tanta que, faz perder o receio dos larápios, em tocaia permanente, nas esquinas das ruas e avenidas da cidade. E o dia tão lindo que ninguém se dá conta, passa lentamente. A sensação que tenho é de que a vida está sendo desperdiçada. Fico triste a pensar no que poderia fazer e tento algo...

Assoviando, sofrivelmente,convoco os pássaros da redondeza, os pombinhos, as corujas, os gatos, os cachorros, até a brisa do Mar para, em uma ação conjunta, fazer as pessoas se darem conta daquilo que perdem e voltarem à vida real. Tudo inútil!

Os pássaros estão cansados de lutar pela sobrevivência na selva de pedras, de máquinas e robóticas. Os cachorros e os gatos morrem a míngua esquecidos em minúsculos apartamentos. Alguns bem cuidados, outros muito maltratados. A brisa que vem do Mar, tem cheiro de sargaço podre e lá de cima as nuvens tristes pairam sobre nós.

Penso no sorriso de antes e no máximo daquilo que nunca fui e sonho novo sonho perdido no tempo que não contempla mais nenhuma possibilidade.

É o caos que em mim se instala. Sou fragmento de alma penada, perdida que, fora do tempo de partida, mas apaixonada pela Vida, não sabe se vai ou se fica. Então, deixa o tempo correr ao encontro do nada.

 
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Praia de Candeias – PE
Quinta-feira de muito Sol
e pouco caso
02.10.2014