RONDA NOTURNA

A passos lentos, saí a caminhar.
Observando tudo.
Queria desvendar os mistérios da noite.
Atravessei ruas vazias, esquinas escuras,
tendo por companhia, apenas a lua
que lá do alto me observava...
No rosto, a brisa noturna.
Ao longe, uma sirene,
sinalizando que a calmaria estava só aqui.
Passei por um quintal
e fiquei admirando o sopro do vento
tremulando roupas num varal
que à luz da lua, pareciam farrapos,
empalidecidos e fantasmagóricos,
num bailado de música inexistente
mas em cadência de ir e vir constante.
Pelos muros baixos, vi flores nos jardins.
E sentí-lhes o perfume.
Até um gato preto, atravessou
na minha frente.
De repente, fiquei imaginando
se era verdadeira a superstição...
Que nada, não acredito nessas coisas.
Felizmente.
Mas poderia vir alguém  e me assaltar...
Uma casa em ruínas chamou-me a atenção.
Alguém, em algum tempo
vivera alí, e fora feliz.
Ou não.
Estava toda depredada,
sem portas e janelas.
Apenas escombros de tijolos.
Nem sei porque,
lembrei-me da música "Saudosa Maloca".
Ah esse Adoniran não morrerá jamais!
Todos estão dormindo.
É alta a madrugada.
Mas eu gosto de sentir o silêncio
pois sou notívaga por natureza.
Uma igreja, pena estar fechada.
Entraria e oraria.
Agora já estava a ouvir
o barulho do mar ali perto...
eram ondas quebrando
batendo na areia.
Mas virei para a outra rua
e me afastei.
A lua sempre a me acompanhar.
Meus passos agora eram mais apressados,
estava na hora de voltar.
Estranhei não haverem cães
fuçando lixo. E nem outros gatos.
Mas vi um cavalo pastando
num descampado.
É que eu estava num lugarejo
onde ainda é comum ver-se
carroceiros pelas redondezas
vendendo leite e outros produtos.
Retomei o caminho de casa.
Vim pensando, em como seria bom
se o bucolismo daquele lugar,
fosse comum a outros.
Ali ainda era possível descobrir
que os mistérios da noite não existiam,
pois seus moradores estavam todos a dormir
e não sobrava tempo
para o lado ruim da vira sobressair.
E nem para estragar o viver tranquilo
da vida simples daquele interior!




 
Simplesmente Romântica
Enviado por Simplesmente Romântica em 25/01/2015
Reeditado em 27/01/2015
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