Um Lugar para a Angústia

Estou há horas andando pela cidade

Estou à procura de um lugar

Um pequeno espaço.

Atravesso a rua na chance de encontrar

Os carros disputam com os mendigos

O melhor local para estacionar, estagnar

Suas almas?

Seus medos?

Onde está o lugar para a angústia?

Há milhares nessas ruas tentando achar

A beleza se vai com a dor e a pressa

Há tantos entre tantos

Mas não há presença.

Um espaço para a angústia

Será que posso cobrar?

A angústia não paga imposto

Nem a sombra da lágrimas

Que escorrem do meu rosto.

Fico a andar em círculos

Procurando um espaço para o infinito

Quem sabe eu mato a dor que me esmaga o espírito?

Eu tenho pernas e me canso

Meus pés cansados não conseguem contar

Quantas desesperanças encontraram

Nos semblantes desconhecidos

Marcados pelo descaso num mundo perdido.

A vida tenta encontrar a paz

Mas o sinal está fechado

A alegria é derrotada no ar poluído

Das fumaças que nos tornamos

Nas chaminés que presidimos.

Fantasmas iludidos tentando lutar contra o tempo

Tristezas ambulantes

Perdidas nas falsas propagandas

Vendendo suas almas

A preço de banana.

Aonde mora o lugar para desenvolver a esperança?