A VIAGEM INEVITÁVEL ("Estou para realizar a minha última viagem, um grande salto no escuro". — Thomas Hobbes)

Ultimamente, meu humor está instável. E minha intolerância é um obstáculo na relação com as pessoas. Mas, vou me esforçar para cultivar flexibilidade e imparcialidade, ainda que precisarei manter uma postura austera como professor. Este é meu último estado situacional. Não gosto de fantasiar!

Apesar dessa certeza, estou daquele modelo: esperando que os outros me compreendam e se aproximem. Sim, e vai ser assim porque minha atitude já está decidida. Fiz muito por eles, agora quero que façam por mim. O meu desafio para este final de existência é de me expressar como eu gosto: Quieto em meu canto e calado, parecendo sábio. Porém, se vier alguém, a gente "viaja" junto!

Como já disse, vou começar procurando encurtar mais as conversas, pois já deixei de "xororô" e "mimimi". Escutarei somente os mais experientes com boa vontade e até falarei bem dos jovens se possível, quero que fechem o meu esquife funerário com elogios; não assim, tão imediatamente, mas que se atrase bastante a visita da velha de preto com foice na mão. Estou cuidando do meu humor, talvez ela pense que estou feliz demais para morrer assim salutarmente. Claro que quero com todas as forças que tudo se resolva, quando chegar minha hora, sem dor. Aí, tudo estando sereno e tranquilo e não me preocupando mais com esta existência, então os reservatórios de minhas energias poderão esvair-se prontamente.

Nem eu e nem Deus não gostamos de exageros. De vocês, queremos uma postura disciplinada para as despedidas. Meu conselho de cabeceira é o do Leo Vonyazzi: "É isso mesmo. Viajar é o melhor remédio para curar: tédio, rotina, tristeza, solidão. Então o que está esperando? Faça as malas agora e dê mais uma chance para a vida te mostrar tudo o que ela tem para te oferecer!" Amém, se tiver vida após a morte!