O AMOR DE MUITOS ESFRIARÁ ("Muitas vezes não temos tempo para dedicar aos amigos, mas para os inimigos temos todo o tempo do mundo!" — Leon Uris)

Detesto receber visitas em minha casa: meu refúgio! Ainda mais de pessoas portando crachá da largura do peito. Vivo no tumulto do ambiente escolar, cheio de gente que não tenho certeza da amizade. Quando venho para casa, quero me esconder. Ninguém é bem-vindo, até porque nunca me apareceu alguém, trazendo-me presentes. Os poucos vêm só minar o tempo que me sobra para ensaiar umas notas no violão, e ler alguma texto importante; exceto: Gosto da visita dos funcionários dos correios, porque os atendo lá fora, pego a encomenda e os despeço ali mesmo, eles têm pressa de fazer o seu trabalho. Eu sou como eles, minhas visitas sempre têm um motivo nobre. Por isso, prefiro ir visitar as pessoas quando sinto saudade, pois sei que elas só convidam quando precisam da gente, aí sou rápido, como quem tem uma missão a cumprir, sei exatamente a hora de ir embora. Não incomodo ninguém. E adoro as dicas de inconveniência, "manco-me" logo.

Gosto de ter poucos amigos, só os que respeitam minha solidão, e se você não ligar para mim, protege-me de si.

Hoje, pela primeira vez, fui, sem convite, visitar um amigo de infância, a fim de me encontrar com o passado, há muito já sem detalhe. Cheguei e imediatamente fui pedindo o álbum de fotografia da família para recordar nossa infância. Encontrei uma relíquia em seus amontoados de fotografias. Então, achei essa muito importante, não me lembro o ano, e nem ele se lembrou mais, apenas sei que foi uma participação minha em um festival de música popular, em Araguaína- To, talvez nos anos 80. Fiquei bastante contente. Isso prova que tentei ser artista. Não no estilo contemporâneo, mas à moda antiga! Todavia não nasci para ter fãs! Mas, meus lamentos, estre outras reclamações, percebendo o lado negro da solidão, é que serei encontrado morto qualquer dia destes. "Quem mora só não morre, é encontrado morto". Quem sabe fui avisá-los que agora está mais próxima minha partida eterna.

Sobretudo, deve haver um lado bom nas amizades! Nesse caso, Johann Goethe está com a razão: "A amizade é como os títulos honoríficos: quanto mais velha, mais preciosa."