Nostalgia - Nilza Freire

Vivemos num tempo em que todo muito se olha e ninguém se vê

Cativos de suas telas as pessoas se isolam sem ao menos perceber

Casa, trabalho, casa e pc, dormem, acordam, comem e assistem TV

A saudade parece coisa de gente antiga, mas era boa a nossa vida

Havia mais alegria, manhãs e noites divertidas ao lado de gente amiga

Mais cabelos ao vento, encantamento, mais chegadas, menos partidas

E os mais jovens nem desconfiam o que é brincar de quente e frio

Não entendem que é preciso brincar para alegrar as horas vazias

Nunca brincaram de passar o anel, amarelinha ou telefone sem fio

Bolas de gude e futebol de botão agora são peças de museu

O romantismo dos bailes de rosto colado também se perdeu

A rede na varanda, as casas sem grades, as artes no apogeu...

No conta-gotas da eternidade o líquido está escoando e rareando

E a beleza do mundo está murchando no mais completo desencanto

O futuro que hoje aí está não explica o motivo de termos corrido tanto

A nostalgia não justifica a paralisia, vamos salvar a música e a poesia!