FILHA DO VENTO

Nasci do vento...

Como o meu pai, o vento,

posso ser uma aragem fresca,

bem suave tocando tua face,

fazendo agradável o cair da tarde,.

tocando de leve nos teus cabelos

em quanto te espreguiças na rede....

Mas, de repente, posso mudar

e não sou mais suave e mansinha,

sou feroz, rude, selvagem vendaval...

Vendaval que as árvores açoita

nas madrugadas de verão...

assustando os passarinhos

e faz alguns caírem dos ninhos, coitadinhos!

Quando faz frio faço crispar as faces,

os lábios enregelo, faço feridas...

e ao meu passar provoco lágrimas...

Imprevista, inconstante, sou bem filha do vento!

Minha alma não tem pouso,

é ave sem ninho, livre e apaixonada...

Amo a liberdade que dá meu viver errante,

solta, sem endereço... Alma peregrina, viajante...

Vivendo distante, ausente, em eterna viagem,

De vez em quando faço um pouso,

dou um beijo e sigo adiante...

sem deixar presentes ou lembranças,

na bagagem só levo adeus.

Sou filha do vento...

Brisa espantosa, solitária, mutante,

vagando sem rumo por este mundo,

sou fresca aragem

que não se prende a nada

em busca de outro vento que a faça enamorada!

regynacarvalho
Enviado por regynacarvalho em 15/05/2017
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