Cecília e os Demônios

Cecília quase não falava;

quando o fazia,

era pra se maldizer.

E que me maldiga.

Que me escarne.

Que me vomite.

Só descrevia fatos,

não tinha tempo

pro

abstrato.

Cecília era feliz quando todos

choravam,

corria com os lobos

no labirinto e

cortava seus cabelos

com fúria.

Cecília e seus demônios era uma

coisa engraçada

que dançava nas ruas

loucas da meia-noite,

que nadava nua contra a correnteza

do Mucuripe

seu beijo cheirava a cigarros,

que de uma só vez ela filava,

e filme francês,

e desfilava

sensualmente

na madrugada corrosiva

que no meio de suas pernas ardia.

Arthur Rabelo
Enviado por Arthur Rabelo em 16/05/2017
Código do texto: T6000547
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