Ao talento perdido

Cuida-te o espírito,

Que daqui a pouco este ar de poeta já não lhe serve mais.

A qualquer burburinho desse sentimento intrépido voam-lhe como pétalas seus versos mais secretos.

E cuida-te a mente,

Que já sem sua aguçada criatividade

Não vomita mais metáforas como antigamente.

Cuida-te,avidamente, o poeta,

Por não ter mais o amor pra inspirar e tardar em descobrir que ego ferido não cabe à metrica.

Este será sagaz como uma raposa,

Torrencial como a chuva;

Cairá lento e avassalador como uma nevasca

E tornará pó qualquer resquício de sanidade

Ao menor sinal de vôo da tal musa em outros jardins.