O Amor. Ah! O Amor.

Eu já vi o amor

descer a ladeira, virar cachoeira, escorrer nos dedos da mão.

Eu já vi o amor

amando o inimigo até que ele o matasse, trucidasse.

Já vi o amor soluçar de saudades, rondar a cidade, dormir na sarjeta

passando frio, sem brio.

Já vi o amor

cortar a noite sem dormir, esperando o sol chegar para amar.

Vi o amor galgar o céu, abraçar o sol e cair no mar. Sem amar.

Eu já vi o amor

morrer e ser velado por ele mesmo.

Ser enterrado, esquecido, apodrecido e nunca lembrado.

Eu já vi o amor

brigando, se engalfinhando, guerreando

de foice e espada, desfalecendo o coração do outro.

Vi o amor

cruzando mares, em navios soberbos descer para o porão e amar em vão, outro ser, de pouco poder, que nada tem.

Vi o amor

nas cinzas da guerra, sem bússola, nulo, deixado para trás sem história, só na memória de um jovem rapaz.

Vi o amor sorrindo

na rua de casa, voltando da escola, brincando de bola

virar paixão, virar loucura, ódio, virar caixão.

Vi o amor indo para o funeral, derramando lágrimas execráveis de solidão.

Vi o amor encontrando sua alma gêmea, subindo ao altar, vivendo só para amar, casando com a sorte, do início à morte querendo amar, desabar...

O amor... Ah! O amor...

Sônia Portugal
Enviado por Sônia Portugal em 20/06/2017
Reeditado em 20/05/2018
Código do texto: T6032688
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