O Amor. Ah! O Amor.
Eu já vi o amor
descer a ladeira, virar cachoeira, escorrer nos dedos da mão.
Eu já vi o amor
amando o inimigo até que ele o matasse, trucidasse.
Já vi o amor soluçar de saudades, rondar a cidade, dormir na sarjeta
passando frio, sem brio.
Já vi o amor
cortar a noite sem dormir, esperando o sol chegar para amar.
Vi o amor galgar o céu, abraçar o sol e cair no mar. Sem amar.
Eu já vi o amor
morrer e ser velado por ele mesmo.
Ser enterrado, esquecido, apodrecido e nunca lembrado.
Eu já vi o amor
brigando, se engalfinhando, guerreando
de foice e espada, desfalecendo o coração do outro.
Vi o amor
cruzando mares, em navios soberbos descer para o porão e amar em vão, outro ser, de pouco poder, que nada tem.
Vi o amor
nas cinzas da guerra, sem bússola, nulo, deixado para trás sem história, só na memória de um jovem rapaz.
Vi o amor sorrindo
na rua de casa, voltando da escola, brincando de bola
virar paixão, virar loucura, ódio, virar caixão.
Vi o amor indo para o funeral, derramando lágrimas execráveis de solidão.
Vi o amor encontrando sua alma gêmea, subindo ao altar, vivendo só para amar, casando com a sorte, do início à morte querendo amar, desabar...
O amor... Ah! O amor...