Um Pôr de Sol Na Serra de Montesinho - Bragança




 Nós "os poetas pedinchões"!... seguidores de Nicolau Tolentino de Almeida todos sofremos de uma doença assaz latente nos anseios do POVO aonde nascemos. 
Estamos em véspera de São João e, por sugestão de Leitura da  Amiga Professora, Maria do Carmo Sequeira (data vênia) eu vos trago lembranças do POETA NICOLAU TOLENTINO de ALMEIDA – “O POETA PEDINCHÃO” – como lhe chamaram os críticos Contemporâneos há mais de 200 anos atrás!
 
...  Morreu, há 206 anos, em Lisboa, NICOLAU TOLENTINO de ALMEIDA, o “poeta pedinchão”, como lhe chamaram.
- Dele disse Rodrigues Lapa, “a engenhosa hipocondria que lhe sobre-excitava a imaginação, produzia nele dois efeitos contrários: ora dava ao quadro cores sombrias e carregadas, ora, por uma necessidade de equilíbrio, própria dos melancólicos, engenhava quadros de alegria.”
 
“… Entre faixas de pobreza
meus tristes pais me envolveram:
desde então em crua empresa,
contra mim as mãos se deram
a Fortuna e a Natureza.
 
Da terna mãe abraçado
fui em silêncio profundo,
com triste pranto banhado:
já antevia que o mundo
tinha mais um desgraçado…”
 
Era dentro deste último quadro que o humorista se revelava, traçando, de forma divertida, a realidade da época, como, neste caso, a moda:
 
Chaves na mão, melena desgrenhada,
batendo o pé na casa, a mãe ordena
que o furtado colchão, fofo e de pena,
a filha o ponha ali ou a criada.
 
A filha, moça esbelta e aparaltada,
lhe diz, co’a doce voz que o ar serena:
– sumiu-se-lhe um colchão, é forte pena!
Olhe não fique a casa arruinada...
 
– Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu julgas que por ter pai embarcado,
já a mãe não tem mãos?
E, dizendo isto.
Arremete-lhe à cara e ao penteado:
eis senão quando – caso nunca visto! –
sai-lhe o colchão de dentro do toucado.
 
LOGO À NOITE, meus amigos, imitemos a sua fase segunda, para festejar o S. João (sem balões), cantando, à volta de uma fogueira imaginária, por exemplo, com Fernando Pessoa.
 
No dia de S. João
Há fogueiras e folia.
Gozam uns e outros não
Tal qual como os outros dias
Ou,
Manjerico, manjerico
Manjerico que te dei.
A tristeza com que fico
Inda amanhã a terei.
BOM S. JOÃO
 
Nota do Autor: como não me foi dada a opção de partilhar este texto no Mural do FB, eu me permiti transcrever isto aqui no meu próprio espaço literário sob o tema de “CARTAS LITERÁRIAS”  tendo como alegoria a Minha Foto de Capa de hoje... Em primeiro lugar vieram as centenas de fotos que mostram o Portugal de hoje trágicamente triste e debaixo de fogos, incêndios que se repetem ano após ano! (sabemos que não é só culpa da natureza) e depois de algumas visitas à terra que me viu nascer, de lá eu trago sempre a minha eterna esperança de que tudo, algum dia voltará a sorrir – até a própria natureza ao ver este lindo Sol Por em Trás Os Montes lá há-de estar dia após dia!  - E talvez por isso surgem aqui hoje tantos “poetas pedinchões” eu mesmo incluso nessa classificação há muitos e muitos anos!  – Todos somos apenas uns poetas pedinchões... sobretudo, seguimos nas pegadas do Poeta Nicolau Tolentino de Almeida e pedimos aos governantes para governarem o País e não para se governarem a eles próprios! - Vamos dignificar Portugal acima de tudo!.
Silvino Dos Santos Potêncio
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil  

 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 23/06/2017
Reeditado em 18/11/2019
Código do texto: T6035330
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