Consummatum Est

Sim, agora concluo, tudo está consumado,
Não mais resta nem mesmo a esperança
Para este amor tão lindo um dia desfrutado.
Não mais vejo em seus olhos, ora embaciados,
O brilho que sempre via, como de criança
Ao lhe dar o tudo que havia um dia sonhado.

Nem mesmo vejo seus lábios se crisparem
Na pura emoção do aguardo do momento
De nos perdermos como sempre o fez...
Sua face ora está lívida, apesar da aragem
Morna da tarde de verão, não há sentimento,
Já nem mesmo sei o em que ainda crês.

Talvez me lance sem destino rumo ao norte,
Mesmo que com todas suas cartas rasgadas,
Sem saber o que ainda me aguarda adiante,
Sob o risco de soçobrar em recifes, por sorte,
Onde termine de uma vez essa longa jornada
Que durou o tempo em que fomos amantes...

Meu barco está no porto pronto para zarpar,
Mesmo que sem lastro, cordames ceifados,
Sem destino, talvez e por certo rumo ao leste,
Em busca de um recanto onde possa aportar,
Onde me sinta de novo protegido, abrigado.
Mas como, sem você que não virá comigo?
Consummatum est...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 26/06/2017
Reeditado em 12/01/2020
Código do texto: T6038108
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