Saudade

Tem vezes que a gente se sente incomodado, sabe? Com uma dorzinha no peito, sem saber direito de onde vem e por que vem. O sono não chega e a ansiedade faz ele se perder no caminho. O relógio tem um tic tac diferente, maçante, doente, ameaçador.

Dói em lugares mais improváveis, dói a vértebra direita do lado esquerdo, nem sei se tenho ela, mas dói e dói muito. Incomoda, lateja e sangra.

Bate aquela melancolia, aquela vontade de sentar embaixo do chuveiro em posição fetal e deixar que a água caia e confunda as lágrimas, os medos e as incertezas. Que dor é essa meu Deus, que não sai na radiografia? Não sai no laudo médico, não tem colírio nem comprimido, não tem homeopatia ou paliativo.

E a gente anda nas ruas sentindo um vazio, uma carência... a compra daquele sapato novo não resolve, aquela coxinha cremosa famosa não sacia... o que está acontecendo comigo?

Mas aí, num relance, num reflexo, vem uma lembrança na cabeça que deixa o coração quentinho e devolve a cor àquilo que estava desbotado, dá um laço aquilo que estava em nós.

Saudade, ah saudade... dá pra entender porque não a traduzem em outras línguas, tem coisa que a gente sente e não sabe explicar. Será que a gente sente mais que os gringos?

Deve ser culpa minha, porque a saudade que eu sinto de você, daria pra dividir com a humanidade inteira. ❤

Débora Bonato de Sá
Enviado por Débora Bonato de Sá em 10/08/2017
Código do texto: T6079873
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