Saudade
Tem vezes que a gente se sente incomodado, sabe? Com uma dorzinha no peito, sem saber direito de onde vem e por que vem. O sono não chega e a ansiedade faz ele se perder no caminho. O relógio tem um tic tac diferente, maçante, doente, ameaçador.
Dói em lugares mais improváveis, dói a vértebra direita do lado esquerdo, nem sei se tenho ela, mas dói e dói muito. Incomoda, lateja e sangra.
Bate aquela melancolia, aquela vontade de sentar embaixo do chuveiro em posição fetal e deixar que a água caia e confunda as lágrimas, os medos e as incertezas. Que dor é essa meu Deus, que não sai na radiografia? Não sai no laudo médico, não tem colírio nem comprimido, não tem homeopatia ou paliativo.
E a gente anda nas ruas sentindo um vazio, uma carência... a compra daquele sapato novo não resolve, aquela coxinha cremosa famosa não sacia... o que está acontecendo comigo?
Mas aí, num relance, num reflexo, vem uma lembrança na cabeça que deixa o coração quentinho e devolve a cor àquilo que estava desbotado, dá um laço aquilo que estava em nós.
Saudade, ah saudade... dá pra entender porque não a traduzem em outras línguas, tem coisa que a gente sente e não sabe explicar. Será que a gente sente mais que os gringos?
Deve ser culpa minha, porque a saudade que eu sinto de você, daria pra dividir com a humanidade inteira. ❤