O ponto sem ponta.

A torcida pela angústia ser fruto só da ansiedade desmedida.

A percepção da impossibilidade de ignorar o silêncio das atitudes alheias.

O ontem feito da atenção sempre presente.

O cuidado com cada detalhe.

O elogio e o brincar constante com cada peculiaridade da rotina.

O hoje onde se fazem pausas prologadas.

Pontos onde eram reticências.

Sorriso social onde antes era sincero compartilhar de alegria de almas.

A intimidade como uma fantasia que é despertada subitamente.

O que antes eram afinidades agora são possíveis contradições.

Gostos alinhados que se apagam diante da frustração de talvez não ser o que se foi idealizado.

Os planos ficam para depois.

Provavelmente não mais com a mesma pessoa.

E a lembrança do que poderia ser e não foi se confunde com a definição do que se realmente sente.

O subentendido parece doer menos que o esclarecimento em palavras.

Como uma frase que precisa de um ponto e ele vem suavemente à lápis.

O lápis sem ponta, desaponta.

A história sem o final esperado também.

Meras expectativas esvaídas e jogadas juntas ao vestido novo no cesto de roupas não lavadas.

Angela MT Melo
Enviado por Angela MT Melo em 12/08/2017
Código do texto: T6081330
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.