Reconstrução

A solidão da companhia me atormenta. Busquei compartilhar a vida em dupla e única felicidade. Quase embarco no duplo contrário de ser abraçado pelo antônimo de ser feliz. Busco a alegria no agreste, no sertão, na areia quente e no frio das geleiras. Encontro beleza nesses lugares e estética e luz e sombra e até vida. Para tanto preciso ajustar meus sentidos. Meio sem sentido vou escrevendo para na minha vida continuar a viver os sentimentos a medida que chegam educados ou invasores, convidados ou anfitriões. Associo-me a eles e negocio com ou sem cio me guiando no fio tênue e quase invisível da resistência.

Comecei a escrever para continuar a crer que quando o sublime, o rei de todo o sentir e mover e impulsionar e calar e "estar-se preso por vontade" servindo "a quem vence: o vencedor" se cansa, outros vêm ocupar seu lugar, mas a casa é dele. Conhecendo ou não as profecias, ele sabe do que nunca pode fazer, então simplesmente existe junto a certeza das coisas que não podem ser vistas e do desejo de melhores dias e melhores coisas. Esses três formam junto com a gratidão a casa da felicidade.

Agora minha casa precisa de reforma, de restauro. A poeira do sofrer grudou nas paredes, a acidez das palavras corroeu as esquadrias e o atrito da grosseria trincou os pisos. Por incrível que pareça, a fundação se mantém sólida mesmo em terreno movediço. Os pilares projetam-se vertiginosamente para o Céu como em súplicas enquanto as vigas os abraçam e mantém unidas a elas as paredes corroídas.

Existem Arquiteto, Engenheiro e Restaurador capazes de refazer e transformar o antigo projeto em projeto de sempre resistente às intempéries, pragas e vandalismo.

Já vejo o monumento com paisagismo e iluminação cênica!

O convite já está estendido. Fotos são permitidas com ou sem flash, pois cada um registra sob a luz que tem. Desenhem, escrevam, cantem e brinquem. Falem, ouçam e vivam intensamente. A exposição pode ser permanente para você. Para mim, a sinfonia não silencia, as páginas não se rasgam, as cores não se desbotam e o sabor perdura.

Bem vinda gente de bem com ou sem bens. Partilhemos as delícias de existir sozinho ou acompanhado.

Oswaldo Eurico Rodrigues
Enviado por Oswaldo Eurico Rodrigues em 11/10/2017
Reeditado em 11/10/2017
Código do texto: T6139503
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.