Conto ou crônica
 
Um dia desses publiquei o mesmo texto em dois locais diferentes: em um chamei de crônica, em outro, de conto. Uma leitora ao ler a segunda postagem comentou: bem vi que não era crônica. Pois eu ainda não vi, nem bem nem mal. Tenho a maior dificuldade em classificar certos textos meus ou de outros – nunca sei se é crônica ou conto. Para mim, em muitos casos, os dois se confundem graças a minha própria percepção. Costumo chamar de crônica tudo que não é ficção e de conto o que é, pelo menos aparentemente. Um conto seria uma história com começo, meio e fim, eis o parâmetro naturalista. Uma crônica, a visão de um momento do cotidiano. Na minha visão não há uma linha que claramente delimite os dois. Parto do pressuposto que a mãe da criança dá-lhe o nome que lhe convém. Parto também da idéia de que, depois que escrevo, o texto é de quem lê, a classificação também. Mesmo assim estou sempre aberta a sugestões e pronta para aprender o que for aprendível. E eis algo que aprendi com uma mestra – Clarice Lispector. Não sei onde ela escreveu, mas sei onde li: No prefácio de Teresa Montero para Clarice na Cabeceira- “ Gênero não me pega mais”. Nem a mim.

(Publicado originalmente em BVIW - como crônica )