Fria, seca e bela

Das cidades que tive a oportunidade de visitar nesse Brasil, a capital paranaense, Curitiba, mais me encantou. Admirável lugar de gente bonita, ruas limpas, trânsito organizado. Construções belíssimas, shoppings uma gracinha, muitos parques com lagos e mata nativa, motoristas acautelados. À noite, o Jardim Botânico está deslumbrante, iluminado com cores que vão mudando semanalmente, até a chegada da Copa do Mundo 2014.

Percebi que a vida naquela cidade não é uma loucura desenfreada. A qualidade de ensino por lá é muito boa e o nível cultural, elevado. Embora tenha passeado muito de táxi, ônibus e a pé, não vi bairros menos favorecidos. Mendigos há, é claro, mas poucos, num lugar com quase dois milhões de habitantes.

O sotaque é outra característica que chamou minha atenção. Por não haver muitos paranaenses em meu círculo de amigos, pensei que o jeito de falar da então senadora e atual ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, se devia ao fato de ela ter morado fora do país ou coisa parecida. Mas, chegando a Curitiba, percebi que todos falam como ela. Não é um jeitinho de pronunciar as palavras, como os pindamonhangabenses, arrastada, como os baianos, nem funkeada, como os cariocas. É uma forma simplesmente seca e não menos interessante por isso.

Outra curiosidade é o fato de haver centenas de umidificadores de ar à venda nas lojas, mesmo com tanta chuva e um frio de matar os menos precavidos. Frio este que não se refere apenas à temperatura ambiente, mas aos relacionamentos. Os moradores são sisudos e não conhecem muito o próprio lugar. Você acredita que eu tive de explicar ao taxista o caminho para o meu hotel? Em pleno Centro, um rapaz não soube informar onde havia uma agência dos Correios, pra que eu pudesse enviar meus cartõezinhos postais e duas jovens estudantes não souberam onde estava o ponto de informações turísticas, apontado erroneamente no mapa. Ainda bem que o meu sensor de localização estava ligado e eu descobri sozinha.

Bom. Não sei se a maneira de os curitibanos tratarem turistas é culpa da frente fria ou não, mas, seria muito proveitoso se eles recebessem um treinamento intensivo do pessoal do Nordeste que, modéstia à parte, sabe atender muito bem. Já pensou na perfeição de uma cidade linda e limpa recepcionando calorosamente seus visitantes? Enquanto o milagre não acontece, encerro dizendo que pretendo retornar, porque está comprovado: Curitiba é indicação certeira para um roteiro de lua-de-mel, um belo passeio em família ou, até mesmo, sozinha, como eu.

Aline Guedes
Enviado por Aline Guedes em 24/10/2012
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