MUNDO MATERIAL X MUNDO ESPIRITUAL

Para mim o espiritual pertence ao material. Se observarmos um conduíte de energia elétrica, não vemos a energia passar por ele. Para nós é como se fosse apenas um arame erguido. Porém, em uma ponta fica um interruptor e do outro uma lâmpada. Enquanto no interruptor não for alterado de posição o apagador, a lâmpada se manterá imutável. Havendo passagem da energia elétrica, a lâmpada se acende. E sentimos isso quando levamos um choque elétrico. Porém, essa energia também é matéria. Tudo que existe no mundo material é matéria, inclusive a luz e a energia pura.

Se faz parte da nossa existência, podemos imaginar. Se podemos imaginar, impressionamos nossa mente previamente para que isso seja possível. Tudo que impressiona a mente vem da nossa interação com o mundo exterior. No mundo exterior estão as coisas que existem. Existir diz respeito ao mundo material. O que não pertence a esse mundo, não existe. Logo, se mencionamos algo, essa coisa existe.

Já diziam os filósofos gregos que a mente humana não é capaz de imaginar coisas inatas. Podemos imaginar um cavalo, pois o cavalo é algo nato, nascido em nosso espaço-tempo, portanto existente. Podemos imaginar um par de asas, pois asas, como as dos pássaros, também são coisas natas. E, mesmo não existindo fora da imaginação, podemos imaginar um cavalo alado, pois basta combinar as duas coisas que concebemos, cavalo e asas, para formar o ser abstrato. Aliás, o que é abstrato também é material. Passou pela nossa imaginação, virou imagem; virou imagem passou a ser matéria. Mesmo que não compreendamos assim, devido à limitação dos nossos sentidos ou da nossa formação cultural, que reza, para a grande maioria de nós, que só existe o que é tangível ou o que é perceptível nas outras dimensões.

Então, quando dizemos espírito ou espiritual, automaticamente tentamos colocar em mente, para nós mesmos ou para os outros, algo que satisfaça a algum dos nossos sentidos para que possamos compreender. Ninguém diz que uma coisa é espiritual e se pega a pensar em um vazio com um sinal de interrogação por não saber ao certo o que colocar no espaço de pensamento para expressá-lo para si ou para outra pessoa. O que é comum de se ver são as pessoas representarem o espírito ou algo de natureza espiritual como um ser denso, fantasmagórico, feito de luz, etéreo. Ou seja: é tudo forma material. Não conseguimos conceber imagens fora da nossa experiência material, que perfaz a nossa existência, para expressar qualquer coisa. A palavra "representar" já é inerente ao meio objetivo.

Eu prefiro chamar de típico da inexistência algo que exprima o que seria espiritual. O momento anterior ao Big Bang é um desses ambientes típicos da inexistência. Sem alto e nem baixo, sem esquerda ou direita, sem movimento ou estagnação, sem calor ou frio. O nada perfeito. Assim não me alieno com fantasias e confusões mentais e nem deixo outros seres, que possuem a mesma limitação dimensional que eu possuo, me instruírem com ideias não comprobatórias e impossíveis para o meio físico comprovar. Ainda mais sendo impossível sequer de criar imaginariamente o que se diz.

Pense bem no que esses religiosos ou os que se proclamam seres espiritualizados dizem, pois eles não podem comprovar o que dizem e esperam nos limitar ainda mais nesse campo de vida de pouca duração que possuímos, nos fazendo perder o pouco tempo que temos para aproveitar a única chance que temos para viver. E viver é ser feliz. E tudo que aumenta sua limitação ou que te ocupa o tempo de viver não faz você feliz.