Preconceito Linguístico? (Narrativa)

Por : Débora Nascimento -Itabuna -Ba Graduanda em Pedagogia pela Unime -BA .

Em um setor de financiamentos de determinado banco localizado na capital de São Paulo o qual empregava pessoas de diversas regiões brasileiras e proporcionava a orientação através de treinamentos em grupo para preparar seus novos funcionários no cargo de operador de telemarketing,observa-se a seguinte realidade , os operadores tinham a função de telefonar para clientes e checar a veracidade de dados pessoais e trabalhistas fornecidos no ato do financiamento de veículos, os orientadores tinham como norma fundamental no ato do treinamento advertir seus funcionários a absterem-se do uso demasiado e impreciso do gerundismo em seus atendimentos, como por exemplo:

“Boa tarde Senhor, estarei transferindo sua ligação para o setor responsável,peço que esteja aguardando, pois mediante seu aguardo , estarei transferindo seu contato [...] Obrigada, por sua paciência em está aguardando, estarei transferindo seu contato em instantes. Mas, antes disso pedimos que conheça algumas ofertas exclusivas que estamos reservando para você, estamos reservando hiper megas descontos para o senhor [...] Obrigada por aguardar estarei transferindo seu contato.’’

Posto estas orientações quando assumiam o cargo, seus telefonemas eram gravados e monitorados por outro setor que verificava rigorosamente a oralidade de seus operadores e posterior a isto forneciam o feedback, através de sistemas computadorizados e intermediado pelo supervisor de cada equipe, informando uma nota diante da avaliação e as pontuações mais altas seriam para aqueles funcionários que nos seus contatos falassem adequadamente sem “erros”. E tais gravações não verificavam somente o uso de gerúndios, mas se faltassem um r , s ou qualquer letra nas pronúncias com o cliente, este percentual cairia, sendo que as porcentagens eram convertidas em dinheiro extra para os ditos melhores atendentes do mês.

Diante desta narrativa deixamos algumas indagações: Existem erros mesmo na linguagem ou esta situação vivenciada neste ambiente de trabalho não passa de exigências em virtude de uma cultura de erros folclóricos sobre a língua?

Sabendo que este setor empregava pessoas de diversas regiões brasileiras, a qual possui uma enorme variedade de dialetos estas diferenças de língua estavam sendo consideradas nas avaliações feitas nesta empresa?

Não estariam os funcionários deste setor sofrendo preconceito linguístico em virtude de um visão capitalista e opressora que estigmatiza a linguagem de berço as classificando como certa ou errada, sendo que seus atendentes tinham clareza e objetividade com seus interlocutores?

Referências

BAGNO, Marcos. A Pesquisa na Escola: o que é, como se faz. 4 ed., São Paulo: Loyola, 1988 ______Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2000 ______A Língua de Eulália. Novela Sociolingüística. 5 ed., revista e aumentada, São Paulo: Contexto, 2000. ______Dramática da Língua Portuguesa. 1 ed., São Paulo: Loyola, 2000. ______A Pesquisa na Escola. 4 ed., São Paulo: Loyola, 2000. BECHARA, Evanildo.Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade? 2 ed., São Paulo: Martins Fontes, 1986

Debora Nascimento
Enviado por Debora Nascimento em 26/11/2015
Reeditado em 30/10/2016
Código do texto: T5461842
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