Colônia Tereza Cristina: Um sonho socialista a beira do Ivaí

A colônia Tereza Cristina foi fundada a mais de 164 anos por Jean-Maurice Faivre, um médico Frances que em sua bagagem trás consigo também os ideais Utópicos (Liberdade, Igualdade e Fraternidade). Ele vem ao Brasil buscando aprimorar os conhecimentos nas questões de Saúde no país. Tratava sem cobrar nada e estava sempre preocupado com a saúde do povo menos favorecido, desenvolveu várias pesquisas no tratamento de Lepra e do Bócio, doenças que assolavam o país na época.

Jean-Maurice volta a França em busca de pessoas para colonizar a tão sonhada comunidade agrícola no interior do país. Sem filiar-se à doutrinas capitalistas, idealizava implementar um modelo próprio de sociedade que eliminasse o lucro, criava mecanismos de aprimoramento dos métodos de trabalho e gestão democrática que colocava como ponto alto o respeito dos vínculos sociais da família e os princípios morais, éticos e religiosos. A Imperatriz Thereza Christina Maria, esposa do então Imperador D. Pedro II, que auxiliou no processo de colonização, financiando boa parte dos custos, tem seu nome dado a colônia.

De volta ao Brasil com cerca de 63 pessoas da região da França que, convencidos por Faivre, abandonaram tudo para se lançarem numa nova esperança de vida sobre o rio Ivaí. Começa a partir daí a primeira experiência de Socialismo Utópico ou Cooperativismo no país.

Os primeiros anos são duros, tudo é construído do zero. São levantadas casas, escolas, como também, surgem as plantações coletivas que sustentariam a população e as primeiras indústrias (moinho, olaria, serraria).

A nova Colônia sustentava-se com migalhas do governo para as questões de infraestrutura e Jean-Maurice que, fez muito mais que sua parte, gastou tudo o que tinha e morreu na miséria em 1858, mas deixando 11 anos de empreendimento, que mostraria ao mundo o caminho fácil da felicidade, baseado no trabalho em favor ao próximo.

Tempos mais tarde também colonizaram aqui Poloneses, Ucraínos e Turcos que se instalaram onde hoje é Imbuia e Saltinho.

Atualmente, temos aqui moradores que falam pelo menos três idiomas: português, ucraniano e polonês. Tereza Cristina é o 1º Distrito do Paraná e o 3º do Brasil.

Plantada no mesmo lugar escolhido por Faivre, esquecida pelas autoridades governamentais e praticamente isolada do resto do mundo, Tereza Cristina nem sempre tem o devido reconhecimento que merece, mas sua rica história por si só já diz tudo a quem quiser diminuí-la.