A neblina

Mantenho-me na neblina, tenho o poder de escolha e escolho pela neblina, me sinto melhor fora da luz do sol, ou da lua. Faz-me bem que as pessoas não tenham nada além de uma visão turva de mim, que não consigam desenhar os traços da minha face, a expressão em meus olhos, não saber se estou mesmo sorrindo e mais, não saber o que está por trás do meu sorriso.

Eu não faço questão do calor dos raios de sol, ou da paz que vem carregada num luar, quanto mais eu me vejo dentro da nevoa densa, mais eu me sinto confortável; com o tempo, eu podia ver com clareza por dentro da nevoa, via todas as pessoas que estavam fora da neblina, eu sim podia descrevê-las, traço por traço, eu vejo através dos olhos deles, mas, eles nem sequer veem os meus.

Sou um homem como qualquer outro, tenho fraquezas, tenho medos, sofro com fantasmas e temo os outros, claro que a convivência com filhos da puta em demasia, influencia nessa minha aversão, que seja então, eu não me arrependo, muito ainda se banham ao sol, não pelo agrado que isso lhes traz, mas sim, para que se mantenham as aparências. Eu não me preocupo mais com isso, não mais depois de me esconder na neblina.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 21/03/2017
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T5948050
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