CHALET

Quando a noite vem, o lampião faz sombras nas paredes de madeira, como seres surreais.
Na lareira o carvão já se esgota e o frio invade.
Um cão deitado no tapete finge dormir, mas suas orelhas acompanham meus movimentos.
Ainda percebo o cheiro da fumaça no bule em cima do fogão apagado.
Lá fora pássaros da noite, grilos, sapos me embalam. A vida continua na escuridão.
A mariposa bruxa vira pingente na janela, ingenuamente escondida pela cortina vermelha.
Enrolando-me na cama eu perco uma meia; puxo a cobertor felpudo; sinto o perfume de erva doce no travesseiro.
Gotas da chuva que foi embora batem na telha como uma hipnótica canção.
Recolho-me, encolho-me.
Como embrião eu me esqueço num sono em paz.