Desenvolvimento Humano

Falar do ser humano é delicioso, porém é como aventurar-se num terreno sinuoso, onde não se vê apenas o horizonte ou quando as certezas se escondem atrás de um imenso bloco, em que não se tem noção da sua dimensão, nem onde está o seu início e o seu fim, portanto não se pode descrever, com honestidade, toda dimensão íntima que é o aparelho humano e suas manifestações. Não se pode ter acesso irrestrito, quando se fala da mente humana. A pessoa ainda é o grande enigma da contemporaneidade!

É uma tarefa não muito fácil, de que nos coloca de ante mão, a um dilema peculiar, em que muitos teóricos se afoitaram em estabelecer parâmetros da normalidade observada por eles, mas como o próprio ser humano é falível e inconstante, por também conter uma imensidão de detalhes distintos, matizados do seu ser, em aromas sem muita precisão, pois variam de acordo com seu estado mental e disponibilidade de expor-se, ou não, eis o maior problema de difícil compreensão. Se paramos para pensar, falar dos outros é falar um pouco de nós, direcionando o reflexo de nossas impressões projetadas no outro, formulamos hipóteses, algumas vezes sensatas, outras não.

Justamente pela pessoa estar em profunda transformação ao longo da vida, assim como nós, e onde cada pessoas tem suas particularidades é que se torna quase impossível, traçar um perfil mais justo do que realmente o são. Longínquo está de se conseguir definir tantas diversidades da estrutura psíquica.

Começa pela própria capacidade que a pessoa tem de dissimular, é que, mesmo estando ela disposta em afirmar certos detalhes do seu caráter, das suas ações, é certo que haverá um limite entre o que ela diz e o que ela realmente poderia dizer, traumas, conflitos, angústia? É certo que isso lhe trará um certo constrangimento que somente a Clínica poderá, assegurar uma certa descontração, nos entornos da transferência e da contra transferência. Fora do contexto clínico, é mais difícil se ter segurança das falas, sendo este um facilitador, não determinante, mas provável. No Contexto da pesquisa, assim como na clínica pode ser que surja, propositadamente formulações da fala, consciente ou inconscientemente, aquilo que não a agrada e que não acha bonito, pode camuflar, mostrando pra nós apenas o que pensam ser conveniente, vacilam as nossas certezas, em virtude da fragilidade expressada na ansiedade do momento, e no contexto geral, isso é muito comum que aconteça. O território mais confuso de ser explorado e colocado em prova para se medir e avaliar é o ser humano. Como quantificar algo tão vasto que é o cérebro humano e suas definições, ou detalhar todas as capacidades em diversos âmbitos do seu pensamento e do seu pensar inconsciente, automático e variado.

Observar o corpo crescer, se desenvolver, catalogar hipóteses, demarcar limites pode ser até fácil, como traçar regras pela observação do comportamento que acontece em de cada fase, que também já foi, estudada e catalogada pelas pesquisas de muitos estudiosos, remontando uma teoria a partir dos dados da outra, pode ser muito fácil. No entanto colocar no papel o desenvolvimento psíquico e formular normas de funcionamento é deveras complicado, e requer muito anos de estudo, quiçá uma vida inteira assim. Assim fizeram os pioneiros da Psicologia, em suas pesquisas.

O que torna, principalmente mais complicado quando se fala da mente, são fatores de mudanças das emoções, defesas e até projeções daquele que está analisando.

É muito comum o ser humano dissimular uma resposta ou a sua fala, nos dando sempre uma margem de desconfiança em relação ao fato questionado, porém pode-se ter um rescaldo na frequência em que elas ocorrem e até de suas vacilações, ao responder. É dessa forma o pesquisador precisa estar bem atento e desprovido de julgamentos precipitados, que é preferível ficar imparcial nas suas constatações dos fatos que se lhe apresentam para poder descrever, com cautela. Nota-se essa imensa dificuldade.

Até onde pode a pessoa angariar caminhos que lhe favoreçam a plenitude de seus valores íntimos, em conceitos dinâmicos de realização das suas potencialidades? O que lhe favorecem superar dificuldades naturais, tendo em vista que vivencia várias etapas da vida em volta, retratado em alguns casos, a um meio inóspito que poderia ter sido a causa da sua queda, ou da sua subida se ele conseguiu superar suas dificuldades e aparar-se nas curvas mais amenas, e fundir-se as determinações do seu querer mesmo nas curvas mais sinuosas da sua construção íntima, onde os reveses tratam de confundir-se as decisões e por vezes lhe levar a distorcer toda programação, outrora consciente de seus objetivos em detrimento dos que lhes impuseram alhures.

É mistério falar que o desenvolvimento sempre acontece a revelia das condições geradas pelo meio em que se vive, pois a pessoa vai criando defesas em suas estruturas, vai se construindo ao longo da vida, desenhando-se, estimulando habilidades, em uma força intrínseca que o impulsiona a lutar pelo seu progresso, despertando seus potenciais utilizando todo recurso, mesmo que escasso, mas de forma velada à suas conquistas.

O tempo não para e o desenvolvimento também não, basta olhar os um recém nascido, que em dias vai estabelecendo suas formas de relação, primeiro com a mãe e depois com os que estão em seu entorno. A mãe é o primeiro contato, pele a pele, o seu cheiro é inconfundível, a sua voz é bela para o esse ser tão pequeno e o seu choro vai se modificando ao longo dos meses e tomando formato de comunicação silábica. O seu cérebro está num turbilhão de mudanças e expressão a perfeição que é essa máquina humana, regida por milhões de neurônios, formando assim suas estruturas cerebrais em consonância com o crescimento do seu corpinho. E assim de etapa e etapa, ao longo do tempo se formam a personalidade, que teve início, lá no primeiro ano de vida.

Desenvolvimento caminha de mãos dadas com o tempo pois deste sai o resultado daquele ser que foi gerado e ali manifesta suas capacidades e particularidades, em que ele vai se moldando, se construindo na sua trajetória tão peculiar, assim como sua maneira de ser, agir ou reagir diante dos estímulos da vida.

Não existe limites de idade para se desenvolver com plenitude algumas faculdades. Há um diferencial entre aquilo que se quer realmente construir, daquilo que se deseja e fantasia. Recursos existem basta se ter firmeza daquilo que se quer alcançar sem titubear em atitudes que o favoreçam, permitindo um traçar de metas e alcançar os objetivos investindo no tempo com recursos disponíveis no ambiente que se vive.

Nunca é tarde para começar ou recomeçar um projeto!